Relatório sobre Progresso Energetico: 685 milhoes de pessoas ainda sem acesso a eletricidade

A lacuna global no acesso à energia piora à medida que o crescimento populacional é mais rápido do que novas conexões: 685 milhões de pessoas que vivem sem acesso à eletricidade em 2022 e 2,1 bilhões continuam dependendo de combustíveis prejudiciais à saúde e ao clima para cozinhar.

De acordo com um novo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), e da Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD), do Banco Mundial e da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado hoje, o mundo permanece fora do caminho para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 (SDG 7, em inglês) para a energia até 2030. O SDG 7 tem como meta garantir o acesso a energia acessível, confiável, sustentável e moderna, o que inclui alcançar o acesso universal à eletricidade e à cozinha limpa.

Cozinha Limpa: Uma Necessidade Urgente

Quando falamos de cozinha limpa no contexto de energia, referimo-nos a pessoas que utilizam combustíveis menos poluentes e fogões modernos e energeticamente eficientes. Cerca de 4 bilhões de pessoas não têm acesso a equipamentos modernos de cozinha que possuem melhor eficiência energética. Em vez disso, cozinham com biomassa tradicional (lenha) ou combustíveis poluentes (gás). A substituição destas práticas de culinária por soluções limpas tem o potencial de reduzir as emissões de CO2 nas cozinha. Além de ajudar na descarbonização da matriz energética, isto levaria também a uma redução nas mortes por doenças relacionadas à fumaça. A poluição do ar causa mais de 4 milhões de mortes todos os anos, mais do que as mortes por malária, tuberculose e AIDS juntas. Para mais informações, veja aqui.

Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7: O que é?

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 (ODS 7 ou Objetivo Global 7) é uma das 17 metas de desenvolvimento sustentável estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2015. Ele tem como objetivo “garantir o acesso a energia acessível, confiável, sustentável e moderna para todos”. O acesso à energia é um pilar importante para o bem-estar das pessoas, bem como para o desenvolvimento econômico e a redução da pobreza. A elaboração da meta foi feito baseada nos 5 fatos abaixo:

  • 3 bilhões de pessoas ainda dependem de madeira, carvão, carvão vegetal ou resíduos animais para cozinhar e aquecer.

  • A energia é o principal fator para as alterações climáticas, sendo responsável por cerca de 60% do total das emissões globais de gases com efeito de estufa.

  • Desde 1990, as emissões mundiais de CO2 aumentaram quase 50%.

  • A energia hidroelétrica é a maior fonte de eletricidade renovável atualmente (2015), fornecendo 16% da eletricidade mundial a preços competitivos. Domina o mix de eletricidade em vários países, desenvolvidos, emergentes ou em desenvolvimento.

  • A bioenergia é a maior fonte de energia renovável atualmente, fornecendo 10% do fornecimento mundial de energia primária.

Para o cumprimento do objetivo, é necessário que essas 5 metas sejam atingidas até 2030:

  • Meta 7.1: Garantir o acesso universal a serviços energéticos modernos, estáveis ​​e acessíveis.

  • Meta 7.2: Aumentar substancialmente a participação das energias renováveis ​​no mix energético global.

  • Meta 7.3: Duplicar a taxa global de melhoria da eficiência energética.

  • Meta 7.a: Reforçar a cooperação internacional para facilitar o acesso à pesquisa e tecnologia em energia limpa, incluindo energia renovável e eficiência energética.

  • Meta 7.b: Expandir a infraestrutura e atualizar a tecnologia para o fornecimento de serviços energéticos modernos e sustentáveis ​​para todos os países em desenvolvimento, em particular nos países menos desenvolvidos.

Para saber mais sobre o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7, acesse aqui.

Relatório Alerta para Desafios Persistentes

A edição de 2024 do Tracking SDG 7: The Energy Progress Report alerta que os esforços atuais não são suficientes para alcançar o SDG 7 a tempo. Houve algum progresso em elementos específicos da agenda – como o aumento da taxa de implantação de energias renováveis ​​no setor da energia – mas o progresso é insuficiente para alcançar as metas estabelecidas.

O relatório mostra que o número de pessoas sem acesso à eletricidade aumentou pela primeira vez em mais de uma década – principalmente na África Subsariana. Em números absolutos, isso significa que há 685 milhões de pessoas sem eletricidade em 2022 (10 milhões a mais do que no ano anterior). Uma combinação de fatores contribuiu para o fenômeno, incluindo a crise energética global, aumento da população, inflação, o crescente endividamento de muitos países e o aumento das tensões geopolíticas. No entanto, tendências promissoras na implementação de soluções energéticas descentralizadas em grande parte baseadas em energias renováveis (como painéis fotovoltaicos no telhado das casas), estão ajudando a acelerar o progresso, especialmente nas zonas rurais. Nestes locais vivem oito em cada dez pessoas sem energia e, como a energia solar tende a ser mais barata, é uma solução ideal para tais indivíduos.

Por outro lado, 2,1 bilhões de pessoas ainda vivem sem acesso a combustíveis e tecnologias limpas para cozinhar, tendo o número permanecido praticamente estável em relação ao ano anterior. Isto acarreta enormes implicações para a saúde, contribuindo para 3,2 milhões de mortes prematuras todos os anos. Há alguns esforços para mudar o cenário, como alguns feitos pelo G7 e G20, mas são insuficientes para atingir a meta até 2030.

Um resumo das conclusões do relatório:

  • Em 2022 houve um aumento do número de pessoas que vivem sem eletricidade, algo que não ocorria há mais de uma década. Hoje, 685 milhões de pessoas vivem sem acesso – mais 10 milhões do que em 2021. 80% dessas pessoas (570 milhões) vivem na África Subsaariana.

  • O mundo não está a caminho de alcançar o acesso universal à cozinha limpa até 2030. Cerca de 2,1 bilhões de pessoas ainda utilizam combustíveis e tecnologias poluentes para cozinhar, principalmente na África Subsaariana e na Ásia. A utilização tradicional da biomassa também significa que famílias passam até 40 horas por semana recolhendo lenha para cozinhar, o que torna difícil às mulheres procurarem emprego ou participarem em órgãos decisórios locais e às crianças irem à escola.

  • A poluição atmosférica doméstica criada pela utilização de combustíveis e tecnologias poluentes para cozinhar resulta em 3,2 milhões de mortes prematuras todos os anos.

  • O consumo de eletricidade renovável em 2022 cresceu mais de 6% em relação ao ano anterior (2021), elevando a participação das energias renováveis na matriz energética global para 28,2%.

  • A capacidade instalada de geração de energia renovável per capita atingiu um novo recorde em 2022, de 424 watts por pessoa. No entanto, existem disparidades consideráveis. Os países desenvolvidos (com 1.073 watts per capita) têm 3,7 vezes mais capacidade instalada do que os países em desenvolvimento (com 293 watts per capita).

  • Os fluxos financeiros internacionais de apoio à energia limpa nos países em desenvolvimento atingiram 15,4 bilhões de dólares em 2022, um aumento de 25% em relação a 2021. No entanto, ainda é cerca de metade do pico de 28,5 bilhões em 2016.

  • No ritmo atual, chegaremos a 2030 com 660 milhões de pessoas sem acesso à eletricidade e cerca de 1,8 bilhão sem acesso a tecnologias e combustíveis limpos para cozinhar.



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